quarta-feira, 27 de agosto de 2014

ELEIÇÕES 2014: NOVO CENÁRIO

Paulo Afonso Linhares

A trágica e prematura morte de Eduardo Campos, ademais de comover toda a nação brasileira, impôs inesperada e por demais significativa mudança na cena política nacional, mormente em vista da eleição presidencial deste ano de 2014 em que o político pernambucano despontava como o terceiro dos candidatos nas intenções de votos colhidas em diversas sondagens até agora realizadas. Na corrida presidencial, Eduardo Campos patinava entre 8 e 10 por cento, contra cerca de vinte por cento de Aécio Neves e quase 40 por cento de Dilma Rousseff. Esta, aliás, vinha aparecendo como provável vencedora do embate eleitoral ainda no primeiro turno. A tragédia de Santos, todavia, pode representar uma reviravolta neste cenário.

Ora, imediatamente depois das exéquias do ex-governador Eduardo Campos e dentro do prazo legal, a coligação partidária liderada pelo Partido Socialista Brasileiro - PSB colocou Marina Silva como candidata à presidência e o deputado federal gaúcho Beto Albuquerque a vice-presidente. Por um capricho do destino, o acidente que vitimou Campos repôs a premissa lógica de que Marina - já agraciada com uma montanha de vinte milhões de votos na última eleição presidencial -, prima facie, seria eleitoralmente mais viável. Claro, sem ter conseguido "armar" a sua Rede Solidariedade, o partido que fundou e que não conseguiu registro no TSE a tempo de participar das eleições 2014, não lhe restou alternativa senão aderir ao arrojado projeto de Eduardo Campos que, na condição de condottiere do PSB, para si próprio reservou a cabeça da chapa presidencial, embora sua nova correligionária aparecesse com intenção de votos mais mais robustas, nas pesquisas até então divulgadas. E Marina Silva passou a figurar apenas como uma espécie de "dama de companhia", candidata à vice-presidência embora inicialmente com maior percentual de intenção.

A entrada de Marina Silva muda o jogo, apesar de dificilmente impedir que Dilma Rousseff conquiste o seu segundo mandato presidencial. Aliás, nesse ninho de cancão que é a eleição presidencial, um dos propósitos confessados de Eduardo Campos já é uma realidade: a lógica da política brasileira atual foge à polarização enfadonha entre petistas e tucanos. Nesse contexto, o mais prejudicado será o candidato Aécio Neves, que nos próximos dias será ultrapassado por Marina, que também tentará encostar em Dilma Rousseff. Para esta, real perigo seria uma aliança política de Marina e Aécio que, aliás, será a grande beneficiária se não ocorrer essa (improvável e quase impossível) união de forças.

Entretanto, a despeito do considerável apelo popular da candidatura Marina Silva no meio urbano, verdade é que ela se apequena muito no meio rural, porquanto a ex-ministra do governo Lula e antiga militante petista é considerada ferrenha inimiga do agronegócio, em especial nas questões ambientais. Passada que seja a comoção que causa no público a morte de Eduardo Campos, será bem mais nítida a posição de cada um dos principais candidatos à presidência da República à eleição de outubro de 2014 e quanto mais distante ficar das eleições o impacto eleitoral dessa tragédia se diluirá.

Desde logo, ressalte-se, favorece a candidatura de Dilma a circunstância de que não existe maior diferença político-ideológica entre os principais projetos em disputa: os três governos petistas (dois de Lula e um da Dilma) foram uma continuidade da política econômica de FHC e Marina Silva nasceu politicamente no PT, ademais da circunstância de que o PSB sempre foi um aliado estratégico petista (a enorme alavancagem do processo de crescimento do Estado de Pernambuco que tornou o então governador Eduardo Campos um mito, foi obra de Lula continuada por Dilma). Em suma, posto que em graus variados, as três candidaturas principais (Aécio, Dilma e Marina) se situam na faixa de centro-esquerda do espectro ideológico. Claro, quem ganhar a eleição armará um grande esquema político-parlamentar para garantir a governabilidade, que finda sendo um gigantesco balaio de gatos.

O palanque eletrônico terá cada vez mais importância nas eleições brasileiras e a atuação dos candidatos, a despeito das plataformas assemelhadas, poderá ser o diferencial a ser captado pelo eleitor e transformado em voto. Claro, algum candidato e seus epígonos encastelados em veículos de comunicação importantes continuarão a disseminar pânicos, sobretudo, ao alardear uma severa crise econômica que não existe e o fantasma de um desastre econômico de proporções bíblicas, caso Dilma Rousseff confirme nas urnas as leituras favoráveis à sua reeleição feitas através das pesquisas de opinião. Bobagem, embora Dilma tenha errado quando recusou-se a fazer ajustes imprescindíveis na economia nos dois primeiros anos de seu governo, insistindo em manter o crescimento econômico apenas com a expansão do crédito, que findou por gerar inflação e alguns amargos corretivos, a exemplo da escalada dos juros pelo Banco Central.


Segundo assertiva  do brilhante e insuspeito economista Luís Carlos Mendonça Barros, na conferência "Brasil: o fim de um modelo ou ajuste cíclico", proferida em evento ocorrido em São Paulo, dia 21 de gasto de 2014, "não estamos no meio de uma crise, mas, de algo como uma "parada técnica" depois de dezessete anos de crescimento, apenas a crise conjuntural de um modelo de sucesso que requer ajuste cíclico".  Vivemos um período de ajuste cíclico." Nada de pânico. Claro, a natureza e a intensidade desse ajuste dependerá de quem será eleito presidente.  Aquele que for ungido pelos urnas de outubro deste ano de 2014, como presidente da República, obrigatoriamente deverá  é fazer esse ajuste cíclico, porquanto os indicadores econômicos mostram que, a despeito do ciclo econômico virtuoso de 17 anos, a economia atingiu limites intransponíveis a inspirar cuidados  e preocupações caso não se façam os necessários ajustes. Vale esperar.


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

NOTA OFICIAL
É com profundo pesar e estarrecimento que todos os que fazem o PSB de Mossoró acompanham a trágica notícia do acidente aéreo que vitimou nosso amigo e líder Eduardo Campos.
O Brasil perde um homem que carregava o sonho de transformar a vida das pessoas. Com garra, ele foi construindo espaços e agregando companheiros, com sua postura conciliadora de diálogo, entusiasmo e inovação.
Em nome do PSB de Mossoró, fica nossa solidariedade aos familiares de Eduardo Campos e de todas as vítimas do acidente, assim como aos eleitores, aos militantes e aos que, como nós, também acreditam na “coragem para mudar”.
Eduardo Campos morre, mas deixa viva entre nós a esperança de que “não vamos desistir do Brasil”. Não perdemos apenas um candidato, mas um amigo, um líder.
Fica assim, por três dias, suspensa toda a atividade partidária do PSB em Mossoró.

Lahyre Rosado Neto
Presidente PSB Mossoró
==================================================================================
:: Diretório PSB Mossoró ::
Rua Dionísio Filgueira, 345, Centro
Mossoró/RN, CEP 59.610-090, 3316-4070
BANQUEIROS INGRATOS

Paulo Afonso Linhares

Nunca "na história deste país" os bancos ganharam tanto dinheiro quanto nos governos petistas, o que, aliás, foi admitido pelo ex-presidente Lula em entrevista à imprensa. E isto não deixa de ser um enorme paradoxo. É bem verdade que o governo tucano de FHC, também, fez mimos impensáveis à banca nacional quando não apenas criou um mega socorro para instituições financeiras chamado PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), como promoveu uma agressiva política de estímulo à concentração de capital na área  financeira, causando o desaparecimento de todos os pequenos e médios bancos de varejo, chegado a atingir, também, até mesmo algumas das grandes redes bancárias como o Banco Nacional e o Bamerindus. Restaram poucos e grandes bancos controlados pelo capital privado, abrindo-se a possibilidades da instalação, no mercado brasileiro, de algumas redes de bancos estrangeiros (HSBC, Santander etc.).

Com efeito,  sob o argumento de que deveria evitar uma crise econômica sistêmica, o governo Fernando Henrique Cardoso implementou uma política de recuperação das instituições financeiras que estavam com graves problemas de caixa, o PROER, resultando na injeção pelo Banco Central brasileiro de uma montanha de dinheiro: No período de 1995 a aproximadamente 2000, foram destinados em títulos de longo prazo mais de R$ 30 bilhões (corrigido pelo IGP-P, tal valor  ultrapassa, hoje, R$ 150 bilhões!) a bancos brasileiros, aproximadamente 2,5% do PIB, o que foi posteriormente proibido com a advento da Lei Complementar nº 101/2000, a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal, que proibiu aportes de recursos públicos para saneamento do Sistema Financeiro Nacional).

Em 2013, o lucro dos bancos, no Brasil, bateu todos os recordes. A soma do lucro registrado por quatro bancos brasileiros (Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil,) em 2013, atingiu a cifra superlativa de aproximadamente  US$ 20,5 bilhões (equivalente a R$ 47 bilhões), ultrapassando o Produto Interno Bruto (PIB) estimado de 83 países, no mesmo período, conforme  levantamento feito com base em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). O ranking dos lucros bancários ficou assim em 2013:  o Banco do Brasil teve um lucro líquido de R$ 15,75 bilhões;  o Itaú Unibanco, de R$ 15,6 bilhões, o maior da história de todos os bancos brasileiros de capital aberto; o Bradesco lucrou cerca de em 2013 ficou perto de R$ 12 bilhões; e o lucro do Santander foi de R$ 5,7 bilhões. Os resultados apresentados por estes quatro bancos  em 2013 superou aqueles registrados em 2012. A posição atual é a de que o Banco do Brasil, Itaú e Bradesco são os bancos mais rentáveis das Américas. Os "assaltos" dos empréstimos consignados e os juros estratosféricos dos cheques especiais garantiram esses resultados. Banqueiros, todavia, são como os gatos: quanto mais comem, mais miam...

Estranho é que todos esses resultados favoráveis não têm dado um freio nas línguas nada presas dos banqueiros e analistas do mercado financeiro, a exemplo do recente episódio que envolveu o Banco Santander, que remeteu aos seus correntistas vips (com rendas mensais acima de R$ 10 mil) um informe alertando para os danos que poderiam gerar à economia uma vitória da presidente Dilma Rousseff nas eleições de outubro de 2014:  "A economia brasileira continua apresentando baixo crescimento, inflação alta e déficit em conta-corrente. A quebra de confiança e o pessimismo crescente em relação ao Brasil em derrubar ainda mais a popularidade da presidente, que vem caindo nas últimas pesquisas, e que tem contribuído para a subida da Ibovespa. Difícil saber até quando vai durar esse cenário e qual será o desdobramento final de uma queda ainda maior de Dilma Rousseff nas pesquisas. Se a presidente se estabilizar ou voltar a subir nas pesquisas, um cenário de reversão pode surgir. O câmbio voltaria a se desvalorizar, juros longos retomariam alta e o índice da Bovespa cairia, revertendo parte das altas recentes."

Uma pancada. Embora seja livre a expressão do pensamento, foi uma atitude grosseira e descabida que até agrediu mais os correntistas alvos da mensagem do que a Dilma Rousseff. Tanto que a direção do Santander se desculpou publicamente e despediu os quatro responsáveis pela veiculação do informe: "... Sendo assim, o Banco pede desculpas aos clientes que possam ter interpretado a mensagem de forma diversa dessa orientação, e reitera sua convicção de que a economia brasileira seguirá sua bem-sucedida trajetória de desenvolvimento.” Explicou, mas, não convenceu. Intramuros, os banqueiros continuam a torcer contra a reeleição de dona Dilma.

Afinal, noutro episódio recente, foi do rico camarote de celebridades e endinheirados que o Banco Itaú (repita-se, o detentor do maior lucro da história com os resultados de 2013), montou na Arena Itaquera, que partiram os xingamentos e chulas agressões à presidente da República, quando da abertura da Copa do Mundo. Tudo bem coerente com aquelas peças publicitárias desse banco, que começa com um dedo rodando e termina com uma imoral dedada. Horrível e de um mau gosto atroz. Assim, Quanto mais comem, mais miam esses vorazes banqueiros com seus lucros maravilhosos. Até quando?